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Conclui o curso de Engenharia Química na UFPE e logo entrei no mestrado na COPPE. Antes de iniciar a pesquisa fui aprovado num concurso da Petrobras junto com alguns colegas de turma que foram trabalhar no CENPES. Contudo, preferi ficar no mestrado. Fiz dissertação sobre desproporcionamento de tolueno com zeólitas, visando maximizar p-xileno na produção de PET na BRASKEM. Fui orientado por Jose Luiz Monteiro (mestre na análise de processos) e Martin Schmal (poeta da catálise). Trabalhei 05 anos na BRASKEM em Camaçari-BA, com avaliação de catalisadores comerciais. Lá desenvolvi meu doutorado pela COPPE sobre conversão do metano etileno que é o principal produto da petroquímica básica. Entrei por concurso na UFBA e conclui minha tese em 1995, com orientação de Schmal e Jean Eon (mestre da catálise de precisão). Participei da criação do grupo de tecnologias limpas da UFBA.
No final de 1999 a 2000 fiz posdoc no Departamento de Ciência de Materiais na Universidade da Flórida, EUA, sobre catalisadores para oxidação de metano. Em 2001-2004 orientei vários alunos do Mestrado em Tecnologias Limpas com dissertações sobre problemas aplicados na indústria. Participei dos projetos "Braskem Água" e "Politeno Energia", obtendo soluções de redução do consumo de água e de energia. Trabalhei como perito voluntário do Ministério Publico da Bahia em Simões Filho na área de segurança em processos químicos.
Em 2003 iniciei pesquisa sobre catalisadores micro-mesoporosos para pirólise de resíduos de plásticos com prof. Antônio Araújo da UFRN. Em 2004 fiz novo concurso e me transferi para Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), retornando à Recife, minha cidade de origem. Coordenei projeto Petrobrás/FINEP/RECAT sobre desulfurização oxidativa de gasolina e diesel. Em 2006 coordenei projetos sobre biodiesel (FINEP, CNPq e BNB), resultando em publicações sobre cinética com análise online via infravermelho, destilação reativa e catalisadores heterogêneos. Em 2008 iniciei 02 projetos Petrobras sobre pirólise de resíduos de biomassa.
No período de 2011 a 2014, tive o prazer de receber Roger Frety como prof. para iniciar linha de pesquisa sobre craqueamento e pirólise de óleos vegetais residuais e compostos modelos adsorvidos em catalisadores. Devido à minha experiência em segurança e ventilação industrial, em 2012 e 2013 fui convidado para realizar consultoria em 05 Terminais da Transpetro, contribuindo com a requalificação de seus laboratórios. Em 2014-2019 realizei parceria com os professores Claudio Oller e Osvaldo Chiavone (CAPES/PROCAD) sobre degradação de micropoluentes via fotocatálise para reuso de água. Participei do projeto Petrobras Reciclagem Química de Resíduos de PET e fibras de cabos de amarração de plataformas, coordenado por Marcos Dias (Instituto de Macromoléculas/UFRJ), resultando em uma patente do processo catalítico.
Em 2013-2018 participei do projeto e da construção do prédio do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (LITPEG) financiado pela Petrobras, onde instalamos o Laboratório de Refino e Tecnologias Limpas e Unidades Piloto, junto com a professora Celmy Barbosa, a quem faço um agradecimento especial pela parceria. O apoio da Petrobras (nos nomes de Oscar, Jose André, Marlon, Lam, Falabella, Zotim, Sandra, Morgado e outros) foi fundamental para o laboratório com equipamentos para síntese, caracterização e testes catalíticos, que são compartilhados com a Rede Norte Nordeste de Catálise.
As diversas interações com a indústria permitiram adquirir experiência para ser aplicada na pesquisa e no ensino. Atualmente trabalhamos com a conversão de biomassa residual para produção de biocombustíveis e químicos, como no projeto “BioValue – Valorização da cadeia de biomassa para produção de biocombustíveis avançados”, com participação de Instituições do Brasil e Europa e apoio da Petrobras, Klabin, Suzano e Embraer. Também trabalhamos na síntese e caracterização de materiais voltados para fotocatalisadores para degradação de micropoluentes e catalisadores para reciclagem química plásticos.
Outro objetivo é a formação de recursos humanos e pesquisa em parceria com instituições no Brasil e no exterior, como as parcerias recentes na UFRN (Antonio, Sibele e Chiavone), UERN (Vinicius e Anne), UFAL (Osimar e Lenivaldo), UFBA (Frety, Carmo, Pontes, Soraia e Emerson), UFCG (Wilma, Ana Costa, Joana e Libia), UFPB (Ary e Vivian), UFRPE (Ivoneide, Claudia, Fernando e Thiberio), UPE (Leda), IFPE (Márcio e Fred), UFPA (Geraldo Narciso), USP (Claudio Oller, Antônio Carlos e Galo LeRoux), UFRJ (Falabella, Marcos Dias e Fernando Pessoa), UFMG (Flavia Moura), UFU (Ricardo e Marcos), UFRGS (Claudia Zini), Universidade de Malaga (Enrique Castellon), ITQ-Valencia (Antonio Chica), CRNS-Lyon (Nadine Essayem), USDA-EUA (Boateng). Essas parcerias são importantes não apenas para desenvolver a pesquisa, mas também para fortalecer laços de amizade com os amigos da comunidade catalítica. Faço aqui um agradecimento especial a todos os alunos, pesquisadores, pós-docs e amigos: sou muito grato a cada um de vocês por compartilhar o seu enorme talento e amizade.
Sou francesa de nascimento e de formação acadêmica. Me tornei brasileira como esposa de Roberto Fernando de Souza e mãe de nossos dois filhos. Foi no Brasil onde iniciei a minha vida profissional em 1987. Iniciei meus estudos universitários na Universidade Paris XI na França, hoje Universidade Paris-Saclay, o que me permitiu integrar a Escola de Engenharia Química de Rennes (ENSCR), igualmente na França. Atraída pelos avanços tecnológicos e, devido à minha curiosidade pela ciência de forma geral, percebi que precisava continuar meus estudos antes de iniciar uma carreira profissional.
Meus primeiros contatos com a pesquisa no final de minha graduação me motivaram para concorrer a uma bolsa de Doutorado financiada pelo CERCHAR (Centro de pesquisa que trata da exploração e transformação do carvão) no famoso Institut de Recherches sur la Catalyse, hoje LRCLYON, em Lyon-França. O tema era desenvolver o “Estudo dos mecanismos de hidroliquefação do carvão na presença de catalisadores de ferro, molibdênio e estanho", tendo como objetivo produzir um combustível líquido a partir do carvão. Escolhi a área da Catálise, da qual muito pouco sabia, principalmente por poder trabalhar no então IRC, um dos mais famoso Instituto do CNRS da França na área da Química. O Dr. Henri Charcosset me selecionou após uma entrevista telefônica. De setembro 1984 a junho 1987 efetuei então meu doutorado. Foi neste período que conheci o Roberto, que era doutorando no Laboratório do Dr. Igor Tkatchenko. Imediatamente fiquei impressionada pela maturidade humana e científica do Roberto que, na época, já era reconhecido por seus pares como sendo um jovem pesquisador talentoso. Foi nessa época que decidi que dividiria a minha vida com ele, que abraçaria a sua missão para contribuir, com nossas atividades profissionais, para o desenvolvimento do Brasil e da ciência.
No então IRC, com seus mais de 100 pesquisadores, a sua comunidade internacional, suas relações com o mundo industrial, descobri a Catálise, suas múltiplas áreas fronteiras como química teórica, físico-química, inorgânica, orgânica, organometálica, analítica, eletroquímica, foto-química, materiais e todas as engenharias com aspectos de ciência fundamental, aplicações industriais e sua estreita relação com o meio produtivo. Percebi principalmente a importância de saber trabalhar com equipes de especialistas, habilidade chave para quem quer ingressar nessa área, para encontrar soluções de problemas complexos. Meu tema de pesquisa, a sua complexidade, tanto do material de partida tanto quanto dos compostos formados, exigiu um trabalho em equipe e a expertise de diversos Laboratórios que estavam organizados em um formato de rede científica, algo muito inovador para a época. Meu papel nessa estrutura foi de compilar os resultados de caracterização dos catalisadores e dos produtos de hidroliquefação extraídos após os testes catalíticos. Por um lado, desenvolvi muito minhas capacidades de organização, comunicação científica devendo dialogar com diversos especialistas, mas pelo outro, tive que conter a frustação de não poder sempre efetuar todas as etapas do desenvolvimento dos estudos. Porém, tive o privilégio de conhecer o funcionamento de cada Laboratório e neles de planejar e desenvolver pessoalmente alguns experimentos e análises. Hoje não consigo imaginar como tudo isto foi possível sem ter internet a disposição…usava-se o telefone (fixo para telefonar) e os correios. Mas com certeza, além de ter obtido uma formação solida na área da Catálise, desenvolvi minhas habilidades em trabalhar em equipe, trabalhar para o coletivo, o que acredito ser fundamental para ter um papel significativo na sociedade atual, e o caminho para deixar um legado para as gerações futuras, o que igualmente deveria ser o principal motivo de nossas atividades frente à realizações pessoais.
Cheguei em agosto 1987 em Porto Alegre, no Instituto de Química da URG como bolsista do governo francês (Programa que me foi indicado pelo Prof. Roger Frety, meu vizinho de corredor no IRC) para trabalhar com o recém contratado Prof. Roberto para iniciar um novo Laboratório, no Laboratório de Reatividade e Catálise (LRC - www.ufrgs.br/lrc/). No mês seguinte, participei do 4º Seminário Brasileiro de Catálise em Canela, apresentando oralmente em português os resultados de meu doutorado. Essa época foi sinônimo de muito trabalho e engajamento, estabelecendo relações com as indústrias do polo petroquímico vizinho, instalando o LRC, acolhendo os primeiros estudantes de Iniciação Científica e criando uma disciplina de catálise, que de forma pioneira incluiu tantos aspectos da catálise com compostos organometálicos que com compostos sólidos.
Eu decidi de deixar a área do carvão, tendo em vista que a CIENTEC tinha um centro bem avançado na área e, também para unir esforços para a criação do LRC a fim de alcançar resultados mais rapidamente. Aprendi a sintetizar complexos organometálicos sob atmosfera inerte, suportá-los sobre sólidos para produzir sistemas híbridos a serem testados na reação para a qual o Roberto tinha adquirido expertise durante seu doutorado, a oligomerização de olefinas leves. Me tornei Professora concursada do Departamento de Físico-Química em novembro 1990. Isso implicou trabalhar como educadora do ensino superior e ser pesquisadora. Duas profissões complementares e essenciais para alcançar qualidade e eficiência em ambas. Ao longo dos anos seguintes, orientei as pesquisas para responder à problemas ambientais, energéticos, tecnológicos, agregando conhecimento adquiridos na área das zeólitas durante um ano passado no Laboratório de Denise Barthomeuf em Paris em 1994 e colaborando com os membros do LRC nas diversas linhas que foram geradas ao longo dos anos. Trabalhei muito para o desenvolvimento da SBCat, da qual sou co-fundadora e foi com muita energia e prazer que ajudei em organizar vários congressos nacionais e internacionais dessa sociedade onde tenho muitos colegas e amigos e com quem colaboro regularmente. A Catálise é uma área da ciência encantadora, pois é dela que encontraremos soluções sustentáveis para resolver questões ambientais, energéticas, entre outras. Uma área que hoje tem a ciência do “bio” como mais nova fronteira, é um desafio para as jovens gerações que ingressarem na área da Catálise, o que encorajo fortemente.
Natural do Rio de Janeiro, cursei o ensino médio em colégios públicos do interior, quando descobri meu amor pela Química e decidi prestar vestibular para Engenharia Química, sendo aprovado para cursar na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o que considero meu primeiro grande feito profissional.
Minha inclinação para a pesquisa começou no 5o período do curso, quando comecei a Iniciação Científica no Instituto de Química na área de mecanismos de reação. O Mestrado foi, também, cursado no IQ-UFRJ, dando prosseguimento aos estudos sobre mecanismos de reação.
Ingressei por concurso no CENPES-PETROBRAS, para uma vaga na área de catálise, onde permaneci por 11 anos. Minha formação em catálise se deu no ambiente do CENPES, convivendo com diversos profissionais renomados da área, tanto do país como do exterior. Após finalizar meu Mestrado, decidi continuar os estudos de Doutorado, ainda no IQ-UFRJ, mas com tese focada em catálise. O trabalho de tese versou sobre estudos pioneiros sobre o mecanismo de formação de carbocátions sobre zeólitas, tendo publicado meus primeiros artigos internacionais nesta época. Estes estudos levaram, também, a colaborações internacionais e foram um passaporte de transição entre a físico-química orgânica, base de minha formação na Iniciação Científica e Mestrado, para a catálise, área que escolhi para minha atuação profissional.
Ainda na época do CENPES comecei a participar do Programa CYTED, que envolvia a colaboração científica entre os países ibero-americanos. Atuei como ponto focal em catálise computacional por cerca de 10 anos, onde fiz diversas colaborações, uma delas com o Prof. Alejandro Ramirez, do México, e que rendeu o Prêmio TWAS outorgado pela Academia Mexicana de Ciências ao melhor trabalho de colaboração internacional.
Em 1997 iniciei minhas atividades acadêmicas como professor concursado do Instituto de Química da UFRJ, dando início ao meu atual grupo de pesquisa (https://larhco.iq.ufrj.br/). Na Universidade, pude ampliar a área de atuação em catálise e estabelecer novas parcerias de pesquisa, tanto no Brasil como no exterior. Os primeiros anos foram focados na continuação das pesquisas sobre mecanismos de reação sobre zeólitas que realizava no CENPES. Também atuei no desenvolvimento de catalisadores para craqueamento, alquilação e conversão de gás natural, com financiamento de empresas, e que ajudaram a montar o parque de equipamentos e infraestrutura do grupo. Gradativamente percebi que o futuro apontava para a sustentabilidade e comecei a atuar em conversão de biomassa, sobretudo a glicerina oriunda da produção de biodiesel.
As pesquisas sobre conversão de glicerol logo se tornaram referências em todo o mundo, destacando-se o desenvolvimento de aditivos para combustíveis e um catalisador para a hidrogenólise seletiva de glicerol a propeno. Este último estudo foi realizado em parceria com uma petroquímica brasileira, tendo sido pioneiro em todo o mundo. Além dos diversos artigos científicos publicados e patentes depositadas, foi publicado um livro internacional, que é referência no tema: “Glycerol: A Renewable Feedstock for the Chemical Industry”. Os trabalhos em química do glicerol me agraciaram com o Prêmio ABIQUIM de Tecnologia e o Prêmio Fernando Galembeck de Inovação da SBQ.
Outros estudos sobre conversão de biomassa envolvem o desenvolvimento de catalisadores heterogêneos básicos para produção de biodiesel e condensação de furfural, catalisadores zeolíticos para conversão de etanol e catalisadores para conversão direta de açúcares em ácido levulínico e levulinatos.
Dando um passo ainda maior rumo à sustentabilidade, iniciei a cerca de 12 anos atrás pesquisas sobre conversão catalítica de CO2. Desenvolvemos estudos sobre hidrogenação de CO2 a metanol, dimetil éter (DME) e hidrocarbonetos, sobretudo olefinas leves, buscando catalisadores mais ativos e seletivos. Também realizamos estudos sobre a produção de carbonatos orgânicos, tanto via reação de CO2 com álcoois como com epóxidos. Os desafios nesta área são enormes, muitas vezes não se restringindo ao desenvolvimento do catalisador apenas, mas também de estratégias para deslocar o equilíbrio reacional. Recentemente, iniciamos estudos sobre captura de CO2 por adsorventes básicos, oriundos de biomassa. As pesquisas têm sido conduzidas com financiamento de empresas da área de petróleo e petroquímica e de agências de fomento, inclusive através de uma parceria com a Universidade de York, que conta com recursos da Royal Society, do Reino Unido.
Participei da diretoria da SBCat, como tesoureiro, na gestão 2003-2005. Fui, também, coordenador da Regional 2 em dois mandatos, de 2015 a 2019. Fui presidente da Comissão Científica do 12o Congresso Brasileiro de Catálise, em 2003, e da 16a Conferência Internacional de Zeólitas, realizada no Rio de Janeiro em 2016. Também tive a oportunidade de organizar, com a chancela da SBCat, o 17o Simpósio Internacional de Catálise Ácido-Base, em 2017, e a 16a Conferência Internacional de Utilização de Dióxido de Carbono, em 2018. A organização destes eventos internacionais foi muito gratificante, pois permitiu trazer ao Brasil importantes cientistas da área, que certamente motivaram muitos estudantes com suas palestras e trabalhos.
Tenho na catálise minha grande motivação profissional; com a possibilidade não só de fazer ciência e publicar artigos, mas, sobretudo, fazer esta importante ligação entre a academia e a indústria, já que muitos dos desenvolvimentos de laboratório podem se tornar processos industriais. A catálise é a ponte entre a ciência e a tecnologia, entre o artigo científico e a patente, entre a pesquisa fundamental e a aplicação industrial.
O trabalho de pesquisa em catálise tem para mim diversas facetas. A primeira se refere a possibilidade de contribuir para sociedade através da expressão da minha criatividade nesta área. A segunda diz respeito a oportunidade de tentar representar um exemplo de conduta ética para meus alunos, colaboradores e colegas. Finalmente a terceira, trabalhar em catálise significa me encantar a cada momento com a beleza e complexidade da natureza e do ser humano.
Minha história na Catálise começa na monitoria da turma de cinética do prof. Martin Schmal na EQ/UFRJ. Alguns anos depois, na década de 80, tive a oportunidade de participar ativamente da concepção e montagem do Laboratório de Catálise do Instituto Nacional de Tecnologia. Tempos difíceis aqueles, onde os recursos eram extremante escassos. Mas, a nossa vontade de trabalhar em catálise era tão grande que superou as dificuldades. Trabalho há décadas neste laboratório, cercada de jovens pesquisadores, alunos e pós-docs. Estou sempre focada nos estudos desenvolvidos em estreita colaboração com estas pessoas. Assim, o tempo passou sem se fazer notar. De fato, a pesquisa em catálise tem me proporcionado momentos não só felizes, mas, também muito gratificantes.
Meu interesse pela química vem da infância, certamente ajudado pelos kits de química então disponíveis em lojas de brinquedos. O sonho infantil começou a se concretizar quando ingressei no curso Química na Universidade Estadual de Campinas em 1982. No terceiro ano do curso, busquei uma oportunidade de iniciação científica com o Prof. Ulf Schuchardt, que, apesar de estar com o laboratório cheio, resolveu me acolher. Me apresentou ao Professor Francisco Santos Dias da UFC, então estudante de doutorado do grupo, que me ensinou as técnicas básicas necessárias para o trabalho em catálise homogênea. Após ingressar no mestrado, o Professor Ulf me ofereceu uma oportunidade muito rara na época: um estágio na França, no Laboratoire de Chimie de Coordinacion -CNRS, sob a orientação dos Doutores I. Tkatchenko e D. Neibecker. A viagem foi apoiada pelo Programa Nacional de Catálise (PRONAC) e essa experiência internacional de três meses foi decisiva para ampliar meus horizontes científicos. Após o doutorado, usufrui por um ano de uma novidade à época: a bolsa de recém-doutor do CNPq, estágio que foi feito no laboratório da Profa. Maria Vargas na UNICAMP.
Fiz ainda um estágio curto nos Estados Unidos nos laboratórios do Prof. C. U. Pittman, Jr. na Mississippi State University, onde aprendi como fazer hidroformilação, que é até hoje um tema de pesquisa bastante importante em nosso grupo. Em 1993 ingressei como Professor Adjunto no Departamento de Química-ICEx da Universidade Federal de Minas Gerais, onde tive forte apoio do Prof. Carlos Filgueiras e de outros colegas para iniciar um grupo de catálise. Um ano depois, conheci a Profa. Elena Gusevskaya, então pesquisadora visitante do Instituto de Química-USP. Sabendo que ela buscava uma posição permanente, a convidei para um seminário no nosso departamento. Tempos depois, ela se juntou ao departamento como professora e desde então somos parceiros no Grupo de Catálise Organometálica da UFMG. Ainda no início da carreira, participei como vice-diretor e em seguida como primeiro diretor eleito da recém-criada Divisão de Catálise da Sociedade Brasileira de Química.
Por indicação dos Professores Roberto de Souza e Martin Schmal, participei também do Grupo Técnico do IBP para a criação da Sociedade Brasileira de Catálise e orgulho-me de ter contribuído para que as duas entidades convivessem harmonicamente. Em 1997, o Prof. Jairton Dupont me indicou para participar da Red CYTED de catálise homogênea, o que alavancou a formação de uma sólida rede de contatos internacionais. Tivemos ou temos colaborações com grupos de da Venezuela, Colômbia, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Japão, EUA e Canadá. Em 2009, o saudoso Prof. Faruk Nome me convidou para integrar o INCT-Catálise, do qual faço parte do Comitê Gestor, e que teve influencia significativa no desenvolvimento de nossas pesquisas.
Tive várias parcerias com indústrias que foram muito enriquecedoras e contribuíram não só para a montagem da infraestrutura laboratorial como também para aprender aspectos importantes de processos industriais e permitindo transmitir esta experiência aos alunos. Destaco a parceria com a PETROBRAS, com o Prof. Eduardo Falabella que contribuiu com um projeto de infraestrutura para o nosso laboratório e com os Doutores Carlos R. C. Rabelo e Marlito G. Júnior com quem desenvolvi vários projetos. Não posso falar de minha carreira sem agradecer aos alunos de iniciação científica, de mestrado, de doutorado e estagiários de pós-doutorado com quem tive o privilégio de trabalhar. Sem a oportunidade de nomeá-los aqui, deixo os meus agradecimentos pela sua grande contribuição ao desenvolvimento da nossa pesquisa.