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Em 1983 iniciei minha graduação em Engenharia Química na Universidade Federal de Minas Gerais com o propósito de trabalhar em pesquisa, mas nesta época eu ainda não sabia em qual área. No 7º período me encantei pela disciplina de Cinética e Cálculo de Reatores, lecionada pela professora Maria Luiza Faria de Moraes Gonçalves, que me incentivou a fazer mestrado na área de cinética no Programa de Engenharia Química (PEQ) da COPPE.
Em 1988 fui fazer o mestrado com o Prof. José Luiz Fontes Monteiro trabalhando com determinação de parâmetros cinéticos da reação de condensação aldólica realizada em reator CSTR. No desenvolvimento do projeto tive ajuda de várias pessoas, mas em especial agradeço a ajuda da Profa. Cristiane Assumpção Henriques, que na época era aluna de doutorado do Prof. José Luiz. O desenvolvimento do projeto foi no grupo de Catálise e Cinética do PEQ e foi onde tive meu primeiro contato com a catálise. Observando o trabalho dos meus colegas de laboratório (Cristiane Henriques, Dora, Fábio Bellot, Fábio Passos, Carla Hori, Nádia R. Camargo Fernandes, Rosenir R. C. Moreira da Silva, Victor Teixeira, entre outros) apaixonei pela catálise. Assim, quando terminei o meu mestrado, disse ao Prof. José Luiz que queria fazer o doutorado na área de catálise. Desenvolvi meu doutorado em modificação de mordenita (desaluminização e efeito de matriz) sob a orientação do Prof. José Luiz e do Dr. Patrick Gélin do Institut de Recherches sur la Catalyse et l'Environnement de Lyon/França (IRCELYON). Minha estadia na França (1992-1994) foi muito produtiva: fiz toda a parte de síntese dos catalisadores e algumas caracterizações que, na época, eu não tinha acesso aqui no Brasil, como a adsorção de CO a baixas temperaturas acompanhada por FTIR para caracterização de acidez em zeólitas, adsorção/dessorção de CO e m-xileno, entre outras. Após o doutorado trabalhei 2 anos no recém-criado Núcleo de Catálise – NUCAT/PEQ/COPPE em projeto de pesquisa sobre zeólitas sob a orientação do Prof. José Luiz.
Meu primeiro congresso de catálise foi o 5° Seminário Brasileiro de Catálise em 1989 no Guarujá, quando estava fazendo mestrado e, com exceção de 1993, período que eu estava na França, fui em todos até 1995. Dei uma pausa...
Em 2005 passei no concurso para professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e, como pesquisa em catálise é dispendiosa, no início de minha carreira de docente comecei a trabalhar com adsorção de poluentes e me dediquei na implantação do Laboratório de Catálise e Biocombustíveis e o Laboratório Multiusuário de Análises Instrumentais. Em 2006 voltei a participar dos congressos de catálise. Participei da comissão científica do IX Encontro Regional de Catálise da Regional 3 realizado em Lavras em 2010 e do 16o Congresso Brasileiro de Catálise realizado em Campos do Jordão em 2011. Hoje sou professora titular do Departamento de Engenharia Química e de Materiais da UFLA e trabalho na área de catalisadores para síntese de biocombustíveis (zeólitas e óxidos sulfatados), pirólise de biomassa oriunda de atividades agroindustriais e adsorção de contaminantes em água.
A vida profissional de um professor vai além da docência e da pesquisa, é importante contribuir para o crescimento institucional, assumindo cargos administrativos. Assim, exerci os cargos de Subchefe de Departamento, Diretora de Meio Ambiente (onde coordenei as ações do Plano Ambiental da UFLA colocando-a em 1º lugar no ranking de universidades sustentáveis), Coordenadora de Curso (onde tive o privilégio de participar do processo de criação e implantação do curso de graduação em Engenharia Química) e Diretora da Escola de Engenharia (onde participei do processo de implantação da nova estrutura organizacional da UFLA).
Acredito que a catálise é essencial para o desenvolvimento sustentável. A ecoinovação, que integra tecnologias limpas, está redefinindo os processos industriais, nos quais os catalisadores são as figuras em destaque.
Natural de Medianeira, no oeste do Paraná, frequentei a escola pública. Durante parte do meu tempo, acompanhava meu pai em sua oficina mecânica, (Mecânica do Neguinho). Minha curiosidade despertou ao perceber a harmonia entre o ar e os combustíveis, onde uma sutil centelha orquestra processos químicos e termoquímicos, impulsionando-os como um maestro conduzindo uma sinfonia.
Incentivado por minha mãe, ingressei no curso de Tecnologia em Biocombustíveis na UFPR-Setor Palotina em 2009. Em 2010, iniciei a iniciação científica sob orientação da Prof. Dra. M. C. Milinsk e com a Prof. Dra. A. F. de Oliveira. Em 2013, participei de um intercâmbio na UNNE, Argentina, onde conheci o grupo LEMyP por meio da Prof. Dra. N. M. Peruchena e a Prof. Dra. M. F. Zalazar, que influenciaram meu interesse por sistemas zeolíticos. Ao longo desse caminho, pude vislumbrar o impacto das pesquisas teóricas em nível fundamental para processos catalíticos e entender o importante papel do grupo de pesquisa na formação de recursos humanos.
Encantado e motivado pela combinação de cálculos teóricos e análises experimentais sobre sistemas zeolíticos voltei ao Brasil finalizando minha graduação. Em 2014 iniciei o mestrado em Eng. em Energia na Agricultura, na UNIOESTE, sob orientação do Prof. Dr. C. A. Lindino e da Dra. M. F. Zalazar. Nesse período formalizamos importantes colaborações Brasil-Argentina, e com o grupo de pesquisa do Prof. Dr. P. R. S. Bittencourt e Prof. Dra. M. B. Costa (UTFPR-MD/LATECOM). Essas colaborações deram início a uma nova linha de pesquisa teórica volta para conversão de biomassa. Em 2015, vi uma palestra da Prof. Dra. S. Pergher em Bahia Blanca, Argentina, que me inspirou a buscar novos grupos de catálise. Em 2017 iniciei o doutorado em Eng. Química, na UEM sob orientação do Prof. Dr. P. A Arroyo e entrei na Sociedade Brasileira de Catálise, recebendo o Prêmio Arrhenius em sua primeira edição das mãos do saudoso Prof. Dr. V. T. da Silva (in memoriam).
Em meu doutorado pesquisamos a reatividade de diferentes tipos de zeólitas ácidas na esterificação de ácidos carboxílicos com objetivo de desbravar os mecanismos de reações em ambientes confinados. Assim, tive a oportunidade de viajar entre as poesias e trabalhos do prof. Dr. E. Falabella e Prof. Dr. C. J. A. Mota, indo para a luz síncotron (UVX, hoje Sirius) com Dra. C. Rodella, descobrindo a valorização de biomassa com o Prof. Dr. L. A. S do Nascimento, indo mais ao nordeste com as análises térmicas do grupo LACAM liderado pelo Prof. Dr. V. P. S. Caldeira e chegando ao LABPMOL com a Prof. Dra. S. Pergher, voltando ao sudeste nos incríveis debates do uso do BET com Prof. Dr. D. Cardoso, mergulhei na fascinante arte da espectroscopia IV com a Prof. Dra. H. O. Pastore na UNICAMP e com os argentinos Prof. Dr. S. Collins e a Prof. Dra. M. Bosco no INTEC, e por fim finalizei minhas trilhas da catálise no sul, onde conheci brilhantes pesquisadores.
Em 2022, iniciei meu pós-doutorado na UTFPR-MD/PTI em Medianeira, no grupo AGRILAB, sob supervisão do Prof. Dr. C. L. Bazzi. Em 2023, migrei para o grupo GRIMAF na UNILA, pesquisando novos materiais funcionalizados para produção e armazenamento de H2, sob a orientação da Prof. Dra. J. Padilha.
Fazer parte da família SBCat foi fundamental para superar várias barreiras de ativação, catalisar inúmeras amizades e colaborações, além de conquistar alguns prêmios. No entanto, dois aspectos se destacam com especiais significados: viver essa trajetória e catalisar o amor da minha vida.
Aos jovens pesquisadores, quero transmitir a mensagem de que não devem temer perseguir a felicidade, mas é essencial busca-la com estratégia, especialmente no desafiador caminho da catálise. Lembrem-se de que nunca estão sozinhos, e o Brasil oferece vastas oportunidades. Não hesitem em viajar, se necessário. Sejam autênticos em todas as circunstâncias, pois cada desafio traz consigo uma lição para catalisar o lado positivo da vida, vislumbrando sempre um futuro promissor.
Iniciei minha trajetória na Catálise em 2010, durante a iniciação científica na área de reforma a vapor para produção de hidrogênio, na Universidade Estadual de Maringá. Ali descobri o que era pesquisa, técnicas de caracterização, discussão de resultados. Era incrível ver como as coisas faziam sentido, como os resultados conversavam entre si (de reação e caracterização). Naquela época, também decidi que iria continuar na Pós-Graduação, e em 2013, iniciei o Mestrado, também na área de Catálise, com a Prof. Nádia Regina, que foi um exemplo e inspiração para mim. Trabalhei durante 18 meses com seleção e caracterização de catalisadores, testando alguns suportes e métodos de síntese também para produção de H2. Após, iniciei o Doutorado e estudamos o mecanismo e ajuste de parâmetros cinéticos para um dos catalisadores anteriormente selecionado.
Logo em sequência, em 2017, comecei a trabalhar na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e continuei atuando na área de pesquisa em produção de hidrogênio, mas com outras matrizes. Desde então, temos trabalhado em cooperação técnica com empresas da região, buscando desenvolver a pesquisa com transferência da tecnologia.
No início do meu trabalho enquanto Professor/Pesquisador (e não mais como discente) percebi o quão difícil era montar uma estrutura de laboratório. Mas, aos poucos, com muitos ajustes e adaptações que todos nós da Catálise precisamos aprender, conseguimos montar uma estrutura que permitia, a priori, avaliar sistemas catalíticos mais simples. Porém, mesmo com tais obstáculos, acredito que meu objetivo principal ali foi atingido: cativar novos alunos e mostrar a importância do que ali fazíamos.
Assim como diversas áreas da pesquisa, enfrentamos tais dificuldades na Catálise, muitas vezes por falta de recursos que nos impossibilitam de aprofundar técnicas analíticas e análises sofisticadas, mas ainda assim persistimos. Apesar disso, a curiosidade em entender algo que acontece em um sistema catalítico, o qual de certa forma ajudamos a construir (seja através de uma síntese ou adaptação de um reator) nos motiva. Hoje, sendo Professor e orientador, percebo que aquele mesmo encanto que um dia surgiu no garoto de 20 anos, acontece com meus alunos.
Mais recentemente, tive a oportunidade de realizar um estágio de Pós-Doutorado no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, Sírius/CNPEM, e destaco a possibilidade de muitos pesquisadores e entusiastas também se aplicarem lá. Para nós da Catálise, estudar os fenômenos estruturais e de superfície que ocorrem durante as reações químicas é extremamente importante, e no LNLS a Catálise tem total possibilidade de estar inserida. Poder compartilhar a experiências e aprendizado deste período com meus orientandos, e novamente, motivá-los a investigar mais e mais as suas respectivas pesquisas, valerá a pena o esforço.
Também devo aqui destacar que acho incrível trabalhar na área de Catálise e estar inserido em diversos grupos de catalíticos em várias regiões do país. Participei dos eventos Regionais e Brasileiros de Catálise, e fiz amizades na qual colaboramos até hoje (e tudo indica que continuaremos). Os catalíticos são superanimados, empolgados e visionários, na minha opinião. Veêm oportunidade em todos os problemas que surgem!
Nessa trajetória, após 14 anos de trabalho na área, tive a oportunidade, através do convite de amigas também da área de Catálise, em atuar na Coordenação da Regional 3. Durante este período, tive uma visão melhor ainda sobre o que é estar neste grupo, e como as pessoas estão interessadas em apoiar uns aos outros. Isso é muito importante, novamente, devido às dificuldades que temos na área.
Somos importantes enquanto Catalíticos, pois desenvolvemos muitos processos que permitiram a sociedade evoluir, e continuamos contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, meio ambiente e sustentabilidade. Desejo que nossas futuras gerações tenham a possibilidade de conhecer e continuar trabalhando nesta área!
Possui graduação em Química (2014), mestrado em Ciências Naturais (2017) pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e doutorado em Química (2022) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi realizado o doutorado sanduiche pelo Institut de Chimie des Milieux et Matériaux de Poitiers (IC2MP), na França. Atualmente sou Bolsista de Pós-doutorado no laboratório de análises físico-químicas de águas, solo, sedimento, corrosão, biocombustíveis, resíduos sólidos e efluentes (LABPROBIO) da UFRN e no laboratório de catálise, ambiente e materiais (LACAM) da UERN, onde realizo pesquisa sobre o desenvolvimento de catalisadores micro e mesoporosos para produção de bioquerosene por hidroprocessamento. Tenho experiência na área de Química, com ênfase em Catálise, atuando principalmente nos seguintes temas: síntese e caracterização de sólidos nanoporosos com destaque em zeólitas, zeolite templated carbono (ZTC) e materiais mesoporosos; síntese de biocombustíveis; valorização do glicerol e conversão química de poliolefinas para obtenção de combustíveis.
Minha participação na Sociedade Brasileira de Catálise (SBCat) deu-se no ano de 2014, e desde então tem exercido um papel essencial na minha formação profissional e para o aprofundamento do meu conhecimento na área da catálise. Os eventos organizados pela SBCat proporcionam uma oportunidade ímpar de possibilidades de interação com diversos profissionais renomados e de notáveis contribuições neste ramo. Participar ativamente da SBCat e dos seus eventos tem sido crucial para o meu desenvolvimento profissional, proporcionando acesso a conhecimentos atualizados, ampliando minha rede de contatos com profissionais da área e oferecendo oportunidades de apresentação de trabalhos. Ressalto que essa experiência não apenas enriquece o meu currículo, mas também contribui para a disseminação do conhecimento e para o avanço contínuo da catálise, tanto no Brasil quanto internacionalmente.
Nascido e criado na península Itapagipana, em Salvador-BA, desde a infância, fui inspirado pelas histórias do meu pai, um aposentado da Petrobras, sobre os processos de extração e refino de petróleo na Bahia. Essa influência me levou a escolher sem hesitação o curso de Química na UFBA.
Ao entrar no Instituto de Química da UFBA, fui abençoado com professores incríveis que me incentivaram a mergulhar no mundo da pesquisa. No meu segundo semestre, tive a honra de ser o primeiro aluno de iniciação científica do Prof. Dr. Emerson Sales (IQ-UFBA). Com paciência e sabedoria, ele me guiou nos primeiros passos da catálise heterogênea. Mesmo com recursos limitados, fomos acolhidos pela equipe do Laboratório de Catálise (LABCAT-IQ-UFBA), onde começamos nossos estudos na síntese e caracterização de catalisadores de paládio. Sou eternamente grato à Profa. Dra. Heloysa Andrade (IQ-UFBA) por nos receber no LABCAT.
Um dos resultados dessas pesquisas me levou a apresentar um trabalho no 10º Congresso Brasileiro de Catálise (BA), onde tive a oportunidade de conhecer e aprender com renomados pesquisadores na área da catálise. Após esse congresso, me tornei membro da Sociedade Brasileira de Catálise (SBCAT).
Sempre fui fascinado pelo mundo nanométrico. Durante a graduação e o mestrado, estudei a interação de diferentes íons e complexos de paládio com a superfície de vários suportes (alumina, céria, óxidos de vanádio, zeólitas e silicatos), culminando com o desenvolvimento de catalisadores de paládio suportados em alumina para a hidrogenação seletiva de acetileno, que foi o tema da minha dissertação de mestrado.
No doutorado, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPEQ-UFBA), sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Pontes (UFBA), um orientador e grande amigo, entrei para o grupo de Catálise e Meio Ambiente (CATAM-UFBA/UNIFACS). Nesse momento, comecei a estudar aditivos de catalisadores de FCC para dessulfurização de combustíveis. A partir desse estudo, que foi o tema da minha tese de doutorado, estabelecemos uma parceria de sucesso com a Fábrica Carioca de Catalisadores S.A. (FCCSA), graças ao Dr. Lam Yiu Lau, uma grande fonte de inspiração e aprendizado. Nesse projeto, desenvolvemos aditivos para catalisadores de FCC para a redução in situ de compostos sulfurados na faixa da gasolina.
No pós-doutorado, no Programa de Formação de Recursos Humanos (PRH 36, UFBA), estudei a síntese de catalisadores zeolíticos nanométricos suportados para a redução de compostos sulfurados na faixa da gasolina.
No CATAM, sou grato pela oportunidade de fazer parte de uma grande família científica. Junto com o Prof. Pontes, orientei alunos de iniciação científica, estágio curricular, mestrado e doutorado. Através de um trabalho árduo e consistente, conseguimos produzir resultados significativos, como artigos científicos em revistas de alto impacto internacional, prêmios de melhor trabalho em congressos regionais, nacionais e internacionais, e prêmios na área do empreendedorismo, como o Concurso Ideias Inovadoras (promovido pela FAPESB/SECTI (BA)) e o Prêmio Santander Empreendedorismo.
Atualmente, tenho trabalhado e estudado diversas reações de transformação de biomassa, com foco no desenvolvimento de catalisadores ativos que proporcionem alta seletividade a moléculas plataforma a partir de reagentes de menor valor agregado.
Agradeço o convite da Profa. Dra. Katia Gusmão e Profa. Dra. Sibele Pergher, em nome da SBCat, para compartilhar a minha trajetória. Sou eternamente grato ao meu pai e à minha mãe (in memoriam) por todos os ensinamentos e alegrias, e aos meus irmãos pelo conforto e amor nesta jornada. Rejane, minha esposa, amiga e companheira, que com sua paciência me ensina a viver cada momento. A pequena Sofia, minha filha, que me inspira e me faz feliz a cada sorriso! As conquistas são fruto de muita luta e perseverança, mas sem o apoio e estímulo da família e dos amigos, nada disso seria possível.