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imagem 2024 08 23 103946425Tenho a sorte de lembrar o momento em que a catálise capturou minha atenção pela primeira vez. Estava cursando Engenharia Química na Universidad Industrial de Santander – UIS (Colômbia), quando uma amiga veterana me explicou por que havia escolhido a disciplina optativa de catálise heterogênea. Seu argumento girava em torno das dificuldades da disciplina e da forte personalidade da Profa. Sonia Giraldo. Sempre senti profunda admiração pelas mulheres pesquisadoras em um mundo projetado para nós homens. A fascinação que desenvolvi pela catálise estava intimamente ligada ao meu ambiente imediato. Naquela época, a maioria dos meus amigos cursava medicina, e eu ficava encantado da habilidade que eles tinham em distinguir uma radiografia de uma tomografia. Isso me fez associar os catalisadores a pacientes que precisavam ser analisados (caracterizados). Uma perspectiva que ainda hoje me diverte.
A inquietude típica da juventude me levou a explorar outras alternativas. Fiz meu TCC em tecnologias para análise de qualidade do biodiesel e, após a graduação, trabalhei na indústria dos fertilizantes. Naqueles dias, parecia que meu espírito não cabia mais em meu corpo e meus sonhos estavam além da Colômbia. Eu queria estudar fora e descobri que o grupo Coimbra em parceria com a Organização dos Estados Americanos oferecia bolsas de pós-graduação para estudantes latino-americanos.
Em 2015 empacotei minha vida em uma mala e cheguei ao Brasil. Realizei meu mestrado na Universidade Estadual de Maringá - UEM, PR., sob a orientação da Profa. Nádia R. C. Fernandes, trabalhando na produção de biocombustíveis via craqueamento de óleos vegetais. O conceito de biorefinarias me resultava fascinante porque permitia o aproveitamento de tecnologias e processos atuais diante de uma iminente mudança energética. Conseguimos sintetizar zeólitas e correlacionar suas propriedades ácidas (alteradas pela razão Si/Al ou pelo cátion de compensação) com a formação de hidrocarbonetos similares à gasolina. Os desafios (pessoais e profissionais) dessa época foram enormes, mas proporcionais ao crescimento que causaram em mim.
Desde sempre, encarei a aprendizagem como uma reação química que, após um tempo, alcança o equilíbrio. Portanto, decidi perturbar o sistema, mudando-me para o Rio de Janeiro para cursar o doutorado no programa de Engenharia Química da COPPE/UFRJ, sob a orientação dos Profs. Fabio Toniolo e Carlos Chagas (hoje grandes amigos). Desenvolvi uma tese voltada ao estudo fundamental de catalisadores utilizados para o Acoplamento Oxidativo de Metano (OCM). Meu objetivo era compreender a estrutura real desses catalisadores durante a reação. No entanto, as elevadas temperaturas do OCM limitavam a caracterização. Acredito que o grande diferencial da minha tese foi formular as perguntas certas e escolher as técnicas adequadas. Sabia que precisava estabelecer parcerias além dos muros da UFRJ. Por isso, dirigi-me ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron – LNLS (Campinas, SP.) com o Dr. Santiago Figueroa para realizar XANES e ao Instituto de Catálisis y Petroleoquímica (Espanha) com o Prof. Miguel A. Bañares para realizar espectroscopia Raman em modo operando. Ambas experiências enriqueceram meu trabalho e ampliaram minha perspectiva na pesquisa.
Após defender minha tese em 2021, fui professor substituto na Escola de Química da UFRJ e, em 2022, tornei-me professor adjunto no Instituto de Química da Universidade Federal Fluminense – UFF (Niterói). Aqui, leciono (graduação e pós-graduação) e pesquiso no Laboratório de Reatores e Catálise – RECat sob coordenação do prof. Fabio B. Passos. Tenho interesse nas reações de Valorização do Metano, Craqueamento de Óleos Vegetais e Hidrogenação de CO2.
Sou grato por ter encontrado meu caminho no Brasil, por todas as experiências e oportunidades que tive, mas também reconheço que há um longo caminho a percorrer. Sinto-me profundamente motivado pela esperança de contribuir para a transformação social baseada na educação e na ciência.

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