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29 03 SBCAT 2020 quemsomos Notícia“Quem Somos” Dr. Cristiane B. Rodella – pesquisadora Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que faz parte do Centro de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).

Eu sou física, mas com o coração de química e engenheira química e grande paixão pela catálise. Fiz graduação em física na USP de São Carlos, pois sempre gostei de exatas eprincipalmente física. No segundo ano de graduação tive a sorte de fazer iniciação científica (IC) no grupo de materiais da IFSC. Enquanto eu misturava e mexia até secar, 5 litros de solução contendo uma dezena de compostos químicas - com intuito de preparar e caracterizar poucas gramas de uma cerâmica supercondutora - eu ouvia dos meus colegas o que era processo Sol-Gel, Xerogel, aerogel, monolitos, método Pechini e porosidade e sonhava com projeto melhor em síntese química.

Um professor visitante do grupo estava à procura de alunos de IC e uma amiga da graduação tinha interesse. Marquei a conversa, fiz as apresentações e fiquei na discussão. Então o professor começou a falar sobre catálise heterogênea, catalisadores ativos e seletivos, área superficial, estrutura cristalina, grupos superficiais e aimportância científica e o impacto industrial que essa área trazia. Então não me contive e gritei: essa bolsa é minha!! Assim começou meu trabalho com o Prof. Ariovaldo Florentino (já falecido) e Profa. Margarida J. Saeki (UNESP-Botucatu) que durou IC, mestrado e doutorado. Porém, em cada etapa o projeto ficava mais ousado na catálise para uma física, então tinha que pedir ajuda.

Assim comecei a interagir com grandes nomes nessa área em São Carlos, a Profa. Elisabete Assaf, o Prof. Dilson Cardoso, Prof. Mansur, Prof. José Maria C. Bueno e a Prof. Clélia M. P. Marques. Foram cursos, discussões, pedidos de análises de TPR, socorro com a minha instalação de reação catalítica e muito aprendizado. No final do doutorado, o Prof. Valmor R.Mastelaro foi contratado no grupo que eu trabalhava na IFSC e passou a ser meu co-orientador. Ele incentivou enviar proposta para o recém-aberto LNLS e eu sem saber onde isso ia dar, aceitei. Chegando lá para os experimentos de XAS, já não queria mais sair.

Terminado o doutorado, fui para mais um desafio na catálise, pós-doc com a Prof. Regina Buffon no IQ-UNICAMP. Lembro que tive que procurar na tabela periódica se o rênio, sítio ativo do meu catalisador, realmente existia, pois nunca tinha ouvido falar. Aprendi a secar reagente, trabalhar com Schlenk, trabalhar com adsorção de piridina para estudar sítios ácidos e é claro, fiz ótimas amizades nos pedidos de socorro com a Prof. Heloise Pastore (Lolly) e o Prof. Ulf Schuchardt e muitos alunos da época.

Passei um ano como pós-doc do grupo do Prof. Oswaldo L. Alves (IQ-UNICAMP) e tenho muito a agradecer ao seu entusiasmo, motivação e as grandes amizades feitas neste grupo. Então apareceu uma vaga para pesquisador em catálise no LNLS para trabalhar em projeto industrial com a Prof. Daniela Zanchet. Apliquei e fui selecionada. Acho que haviaescrito isto “nas estrelas” no dia que fui fazer meu primeiro experimento lá!! Passei por projetos em colaboração com várias indústrias, passando por várias técnicas de caracterização usando luz síncrotrone aprendendo sobre diferentes catalisadores e suas propriedades físicas e químicas.

Após uma grande reestruturação no LNLS, passei a ser pesquisadora e a estar conectada ao grupo de difração de raios X. Nesse momento, decidi trabalhar com catalisadores à base de carbetos de tungstênio para conversão de biomassa. Então minha amiga Dr. Silvia F. Moya alertou, que eu tinha que conhecer e colaborar com o Prof. Victor Teixeira (saudoso) do PEQ-NUCAT-UFRJ. Após um email, já estava co-orientando alunos, fazendo projetos em parceiras e indo frequentemente à UFRJ para reuniões e bancas. Assim fui apresentada a Dora, a Luciana, a Sibele e mais tarde a Katia (diretoria feminina da SBCat), entre muitos outros pesquisadores e alunos que tive o prazer de conhecer e interagir.

Passei a ser líder do grupo de XRD, coordenar a linha XPD do Sirius e ao mesmo tempo trabalhando com catalisadores para conversão de biomassa. Porém, ficava cada vez mais claro que a minha atuação direta, na síntese de catalisadores e reações catalíticas, estava além da minha competência de coração na química e na engenharia química. Além disso, as oportunidades e demandas para o desenvolvimento de instrumentação para experimentos in situ e operando de catálise no LNLS, cresciam e me atraiam cada vez mais. Assim fui fechando uma porta e abrindo outra, bem mais confortável e factívelcom meu trabalho dentro do LNLS.

Nesse contexto, o Sirius (fonte de luz síncrotron de 4a geração) também foi se materializando e ficando cada vez mais evidente a mudança de paradigma na interação e atuação dos usuários da catálise com o Siriusque teria (terá) que acontecer. Além, de se abrir diante de mim um “universo” de oportunidades de novos e desafiadores projetos científicos para a catálise nessa fonte de luz síncrotron poderosa e de ponta. Agora então, tenho o melhor emprego em ciência, segundo meu ponto de vista, pois estudo constantemente sobre novas técnicas de caracterização usando fontes de luz como o Sirius, pesquiso sobre os desafios e oportunidades em instrumentação para experimentos in situ e operando para a catálise e outros materiais funcionais. Aplico estes conhecimentos na montagem da estação que irei coordenar no Sirius (Paineira – Powder X-rayDiffraction). Expando estes conhecimentos para outras linhas de luz do Sirius, principalmente as da divisão científica que faço parte, Divisão de Materiais Hierárquicos e Heterogêneos (DMH).

Finalizo meu texto do “Quem Somos” com o melhor de tudo na minha trajetória científica.Tenho o privilégio de atender a comunidade de catálise brasileira, como usuários, colaboradores, visitantes, curiosos, alunos e amigos. Nestes 15 anos de LNLS, já estou na terceira geração de catalíticos, ou seja, do aluno, do aluno do professor. Todos fizeram e fazem o que sou na ciência e na catálise e sou muito feliz!

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