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29 06 sbcat Noticia ProfLeonardoA Catálise e Eu.

Meu interesse pela química foi despertado cedo quando aluno do curso científico em 1947 do colégio Salesianos em Niterói, RJ. Fiquei o responsável pelo laboratório com os instrumentos e reagentes lá existentes. Iniciei em 1950 o curso de química industrial na Escola Nacional de Química (ENQ) da antiga Universidade do Brasil. Logo após o curso foi alterado para Engenharia Química com mudanças no currículo e adição de novas matérias.

Em 1952 comecei a trabalhar no Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) que ficava na mesma área da ENQ, o que foi um fantástico privilégio. Entre as minhas atribuições manter organizado o laboratório para que os professores estrangeiros desenvolvessem seus trabalhos que objetivavam recuperar produtos químicos valiosos das águas-mãe das salinas da região de Cabo Frio, RJ. Pude usufruir do grande conhecimento daqueles cientistas vindos da Tchecoslováquia: H. Zocher (pioneiro na área de cristais líquidos), P. Kubelka, C. Torok. Naquela época o DNPM mantinha também nos seus quadros o professor Feigl.

Como aluno da ENQ, junto com mais quatro colegas, tentamos por em operação uma unidade piloto de destilação de grandes dimensões. Ao fim do curso três ofertas de trabalho me foram oferecidas:

  • Permanecer na ENQ como assistente na cadeira de física industrial;
  • Tomar posse por concurso na DNPM como engenheiro tecnólogo;
  • Trabalhar no curso de refinação de petróleo da Petrobras visando, num futuro compor o corpo docente do Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisa de Petróleo (CENAP).

A idéia da criação do CENAP foi do engenheiro Antônio Seabra Moggi e representou algo único no país com uma visão de longo prazo. Todos os professores eram estrangeiros com larga experiência na área e seriam substituídos por seus assistentes brasileiros ao longo do tempo. Com uma organização excelente, foi coordenada pelo Prof. Ford Campell Willians com grande maestria e sabedoria por muitos anos. Em 1957 o CENAP teve suas atividades ampliadas para envolver pesquisas na área de petróleo. Grandes esforços foram despendidos na criação do novo centro de pesquisas que redundou na criação do CENPES na Ilha do Fundão junto à UFRJ.

Buscando aprofundar os conhecimentos de seus técnicos nas áreas de pesquisa de interesse da Petrobras (catálise), fui estudar nos EUA com o professor Herman Pines (profundo conhecedor de catálise e um magnífico ser humano, mais uma vez fui um privilegiado) na Northwestern University, naquela época o melhor centro desses estudos nos EUA. Obtive o Ms. E PhD em química fazendo uma tese sobre a aromatização do n-heptano 1 C₁₄. Parte dos trabalhos foi patrocinado pela comissão de energia atômica dos EUA.

De volta ao Brasil em 1970 ministrei cursos de pós graduação na área de catálise ao mesmo tempo em que desenvolvia atividades junto ao Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) na Comissão de Catálise com reuniões e organização dos seminários de catálise: o germe para a criação do SBCat em 1998.

Em 1973 foi montado um Curso Avançado em Processos Catalíticos na UFRJ patrocinado pela Petrobras. A coordenação ficou a cargo do prof. Claudio Costa Neto da UFRJ. A parte inicial foi ministrada por brasileiros e na parte final trouxemos três cientistas americanos: Herman Pines, e Robert Burwell Jr. da Northwestern University e Michel Boudart da Stanford University. Os professores estrangeiros ministraram cursos com extensão de três meses cada.

Devo ressaltar que tive o privilégio de conviver com profissionais dos mais altos padrões científicos e humanos. No CENPES externei minha admiração várias vezes por todos que comigo trabalhavam e que em todos os níveis eram os melhores do Brasil. Citar alguns nomes implicaria em incorrer em grande erro de esquecimento de algum e todos foram igualmente importantes. A vocês meus sinceros agradecimentos.

Aposentei-me no CENPES em 1990, mas continuei na catálise por quase 10 anos, sendo por duas vezes professor convidado pela UFRJ – Departamento de Físico-Química.

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